
A partida foi um momento emocionante com muitos amigos e familiares presentes na Marina de Portimão e a acompanharem as primeiras milhas.
Em Portimão e em Portugal em geral deixaram um sentimento de saudade mas também de alguma inveja pois, ainda são tão jovens e já estão a concretizar o sonho de uma vida.
Após um mar agitado e quase uma semana de navegação chegaram à ilha canária de Lanzarote, onde entre tapas e reconhecimento turístico foi necessário proceder a pequenas reparações e melhoramentos no Babilé.
O próximo destino é Fuerteventura mas antes, ainda há tempo para uma paragem na Isla de Lobos, um "ilhote que fica localizado entre Lanzarote e Fuerteventura e seu nome deve-se à extinta população de lobos marinhos que lá vivia antes da civilização humana acabar com ela".
Já em Fuerteventura, a estadia destinou-se sobretudo a relatar as aventuras que tinham sido vividas desde Portimão e a esperar que os ventos fossem mais favoráveis a uma viagem até Cabo Verde.
Mas os ventos não foram uma grande ajuda para percorrer as cerca de 900milhas que separam o arquipélago das Canárias do arquipélago de Cabo Verde e foram necessários 12 dias para o João e a Natali poderem pisar terra firme novamente.
Entre alguma pescaria bem sucedida, um dourado e um atum, esta travessia não chegava ao fim e como estes dois velejadores relataram

Dias mais tarde foi a Baía do Mindelo a anfitriã dos Embaixadores da Vela Solidária. Foi uma estadia muito rica, com o reencontro com amigos portugueses, estabelecer novas amizades com locais e outros como o João e Natali, que viajam pelo mundo, na verdade, uma experiência que não poderia deixar de ser vivida.
Foi também no Mindelo que se celebrou o Natal e a passagem de ano, pela primeira vez longe de Portugal e do Brasil.
Cabo Verde é MORABEZA, ou seja "um regionalismo crioulo que traduz o que é Cabo Verde: amor, beleza e amabilidade, que é, na realidade, tudo aquilo que nos faz sentir bem-vindos em qualquer parte do mundo. Para se falar de Cabo Verde é obrigatório falar na Morabeza, a arte de bem receber. Um arquipélago de gente hospitaleira, amável e humilde, que recebe com uma simpatia contagiante e sempre com um sorriso nos lábios."

A travessia até Fernando Noronha foi bastante rápida, com passagem pelo Equador e como não podia deixar de ser, o batismo dos tripulantes do Babilé em honra do Deus Neptuno.
Em Fernando Noronha, para além de todas as taxas e custos exorbitantes mesmo para se visitar um paraíso na Terra ficam as palavras da Natali,
"a água límpida e quente, sem dúvida a mais límpida e quente na qual já mergulhámos, descontraidamente, de dia, de noite, sempre que sentíamos o menor ímpeto de mergulhar... e ao final do dia, todos os dias, para tomar o nosso banho misto: primeiro água salgada, depois água doce. A vista inigualável, o morro do Pico à direita, as ilhas de leste à esquerda, cada qual com tons mais fabulosos ao nascer e por do sol. O som constante e agradável dos pássaros, frenéticos, nas ilhas de leste, o peixe assado na folha de bananeira, ultra fresco, comido na barraca de praia metida no meio da vegetação verdejante no sopé do morro. Os golfinhos à chegada e à partida, a vista sobre o Dois Irmãos, a emoção de ver terra depois de tanto mar e a insatisfação de, infelizmente, não poder ter mais."

"Tudo, numa imagem de eterno sossego, completamente alheia à adjacente fúria da grande cidade que se estende para lá da margem do rio. impercetível no seu som e invisível no seu ritmo, apercebemo-nos da sua existência, a partir de onde estamos, apenas pela imagem dos estáticos edifícios que a sustentam."
O João e a Natali para além de Amigos, aventureiros e exemplos de vida são Embaixadores da Vela Solidária e esperamos encontrar condições para que no Brasil possam transmitir estas experiências tão ricas a crianças e jovens desfavorecidos e a pessoas portadoras de deficiência e assim contribuírem para que a Vela Solidária se replique junto dessas comunidades.
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